Há exatos 50 anos, no dia 30 de maio de 1973, o filme “Les Granges Brûlées” estreava nos cinemas franceses reunindo na telona dois monstros sagrados: Simone Signoret (1921-1985) e Alain Delon. Dois anos antes, eles já haviam estrelado um drama psicológico, “La Veuve Couderc”, de Pierre Granier-Deferre, filmado na Borgonha. Desta vez, é na zona rural de Franche-Comté (uma região cultural e histórica do leste da França) que os dois atores se encontraram, sob a direção de Jean Chapot (1930-1998) e trilha sonora de Jean-Michel Jarre.
A NEVE: PERSONAGEM PRINCIPAL
O título do filme refere-se a um local existente, La Grange Rulée, localizado acima de Pontarlier, a uma altitude de 1.025 metros. O cineasta havia escolhido esta fazenda antes de mirar em outra, La Grange des Miroirs, um pouco mais alta em altitude. Foi lá que a maioria das cenas foram filmadas. Natural de Pontarlier, Pierre Jouille lembra muito bem das exigências de Jean Chapot: “A casa tinha que estar na neve. Era essencial porque a neve era a personagem principal do filme”, recorda o homem que encontrou cenários para mais de 200 filmes franceses e estrangeiros. Porque quando se pensa em neve, se pensa em isolamento, sons abafados, relevos soterrados, clima gelado…
Foi o cenário perfeito para um thriller psicológico que tem como pano de fundo um crime. Uma jovem parisiense é encontrada morta perto de uma fazenda familiar onde Rose (Simone Signoret), uma mulher orgulhosa e digna, vive com seu marido [Paul Crauchet (1920-2012)], seus dois filhos [Bernard Le Coq e Pierre Rousseau(1932-2010)] e suas esposas (Catherine Allégret e Béatrice Costantini), bem como sua filha (Miou-Miou). O juiz de instrução, Pierre Larcher (Alain Delon) está interessado neste lugar e neste clã que vive fechado em si mesmo. Entre Rose e ele, desenvolve-se uma relação de admiração. Mas a investigação também vai fragilizar a relação entre familiares e trazer tensões à tona.
CHAPOT X DELON
Pouco conhecido do público em geral, Jean Chapot fez seu nome pela primeira vez como ator e assistente de direção durante a década de 1950. Ele trabalhou notavelmente no teatro com Raymond Rouleau, Simone Signoret e Bertold Brecht. Em 1966, para seu primeiro longa-metragem, “La Voleuse”, dirigiu estrelas da época: Romy Schneider e Michel Piccoli, sobre diálogos de Marguerite Duras. Apesar do elenco, o filme foi um fracasso.
Seis anos depois, Chapot retorna com o curta-metragem “Le Fusil à Espectáculos” (1972), que recebe a Palma de melhor curta-metragem em Cannes. Em seguida, vem a filmagem de “Les Granges Brûlées”, onde ele se encontra novamente com Signoret. Mas o filme é co-dirigido por Alain Delon que tem um temperamento explosivo, o que o fez entrar em conflito com Chapot e os embates entre os dois foram numerosos no set de filmagens. Para alguns críticos, esse clima de tensão teria prejudicado o filme.
Isso não impediu que “Les Granges Brûlées” fosse um sucesso de bilheteira, com 991.624 ingressos vendidos. Mas foi uma desilusão para Jean Chapot, que esperava igualar o triunfo de “La Veuve Couderc”. Lançado em 1971, o filme de Pierre Granier-Deferre foi visto por mais de 2 milhões de pessoas. Depois de “Les Granges Brûlées”, Jean Chapot trabalhou no argumento de vários filmes antes de se dedicar à televisão, para a qual realizou uma dezena de filmes e episódios de séries televisivas entre 1978 e 1994.
Abaixo, pôsteres em alemão, japonês e tcheco e trailer do filme. Clique nas imagens para ampliar.
© Claude Bertin-Denis
Fontes: www.francetvinfo.fr|estrepublicain.fr
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