“ZERO GRAVITY – LIVE @THE DEAD SEA”: O CONCERTO QUE PAROU ISRAEL!!!


No dia 6 de Abril de 2017, após mais de um ano de preparações, idas e vindas entre França e Israel, muito dinheiro e suor, finalmente aconteceu o Concerto de Jean Michel Jarre, “ZERO GRAVITY – LIVE @THE DEAD SEA”, perto do Mar Morto, em frente ao Monte Massada em um evento de proporções épicas que parou Israel, para um público variado pagante de 10 mil pessoas, com fãs de diferentes partes do mundo. Pessoas novas, velhas, seculares e religiosas (diversas) se misturavam para ver o grande evento. Mas o concerto que tinha um line up de vários artistas israelense tendo o show de Jarre como a cereja do bolo, quase esteve em risco de ser cancelado !!!

Fãs esperando o show de Jarre – ao fundo “The Scientists” fazendo um ‘som’ antes…

The Scientists

Um dia antes de ocorrer, ventos fortes, chegaram a cancelar os ensaios da equipe de Jarre e dos outros músicos que apresentariam, a ponto de técnicos terem que reforçar o palco com cabos de aço. A ideia original do palco flutuante suspendido por guindastes, exibida nos posteres e desenhos de produção, acabou sendo abandonada logo na preparação do projeto. Os riscos para Jarre e sua equipe era muito altos e a opção foi usar o já tradicional palco que o músico vem utilizando desde o início da turnê Electronica no ano passado. Decisão que acabou se mostrando acertada no final.

Ethinicolor, telão com símbolos enigmáticos.

Mensagens de alerta sobre o Mar Morto.

Agendado para começar as 20:00 do dia 06/04, o tempo ruim acabou prejudicando seu início, ventos fortes e um princípio de uma tempestade de areia deixou a produção do show, totalmente preocupada. As rajadas de ventos chegaram a cortar a energia do show, a poucos minutos do seu início. A segurança e produção decidiram não abrir os portões ao público até que os ventos fortes fossem embora. Isto fez com que fãs esperassem dentro dos ônibus que levariam do hotel ao sítio do concerto. Muitos chegaram a ficar impacientes, relatando os fatos via redes sociais. As 21:00, os ônibus foram autorizados a deixarem os hotéis e seguirem para o show. Jarre, que ao longo da semana começou a enviar pequenos vídeos da produção pelo aplicativo GLIDE, postou um vídeo às 21:40, mostrando alguns técnicos arrumando o palco e as telas de LED, verificando se tudo estava em ordem. Às 22:00 os portões foram finalmente abertos e o público liberado, um atraso de 2 horas, mas o que se seguiu foi um caminhão de emoções para os fãs que lá estavam.

Palco do concerto e Massada ao fundo.

Parte da programação de artistas teve que ser alterada, a apresentação da banda “The Scientists” começou logo em seguida, e o público tenso pelo atraso do show, começou a se soltar e se animar mais. O show seguiu até as 23:00, quando então, pela sequência deveria começar a apresentação do DJ Marcos Grenier, que tem acompanhado Jarre na turnê Electronica, mas por questão de tempo, o show dele acabou sendo cancelado. Grenier já havia postado nas redes sociais um dia antes, o seu setlist que infelizmente, não pode usar. Para surpresa e delírio do público, a faixa “Waiting for Cousteau”, começou a tocar nas caixas acústicas do show…já era o início da preparação do show principal…em pouco tempo Jarre começaria a tocar…veio então a sequência tradicional da contagem regressiva a partir das 23:20: 9…8…7…finalizada com o início do show, com uma abertura épica…a volta de “Ethnicolor” do álbum Zoolook, faixa que Jarre não toca ao vivo desde o show-ensaio do projeto Akropolis em 2001, na Grécia.

Jarre comandou a festa no deserto de Israel.

Drones foram usados para filmagens.

Podia-se sentir imediatamente a mudança no ambiente com sua chegada; Aqueles que estavam reclamando em voz alta que a produção estava atrasada ficaram em silêncio, observando-o criar com seus teclados famosos os sons familiares que se tornaram uma parte muito básica da trilha sonora popular ocidental, mesmo que nem todos percebam isso.

O que se viu em seguida foi uma sequência arrasadora, seguindo o que Jarre tem feito na turnê do ano passado. Focado principalmente nos dois volumes do álbum Electronica. Para platéia, um delírio total. Clássicos como “Souvenir Of China”, “Oxygene 2”, “Oxygene 8”, “Equinoxe 4”, não poderiam estar de fora, também “Chronologie 4” e uma nova versão de “Miss Moon”, com o vocal da cantora lírica israelense, Kama Kamila. Um dos momentos marcantes do show, foi a apresentação de “Time Machine” na tradicional harpa laser, antes de encerrar Jarre ainda apresentou a inédita faixa “Herbalizer“(segundo ele, composta duas semanas antes do concerto) e finalizou o concerto com uma versão remix de Stardust. Mais de duas horas de espetáculo.

Cantora lírica israelense Kama Kamila durante “Miss Moon”

Lua lá no céu ao fundo fez um show a parte. A verdadeira Miss Moon.

Jarre entrou no palco dizendo a tradicional saudação hebraica: “- Shalon, Israel !“. Durante Ethnicolor, Jarre postou no telão informações sobre a preocupante situação do Mar Morto, que pode secar em menos de 30 anos. Imagens e informações foram exibidas durante a execução da faixa. Jarre também fez seu discurso em defesa do lugar, como Embaixador da UNESCO, um dos patrocinadores do concerto. A fortaleza de Massada, inclusive é um patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO: “Antes de tudo, quero dizer, qual foi a razão deste concerto e permitiu que nos reuníssemos aqui, o Mar Morto e as questões ambientais que lhes estão associadas, que não devemos ignorar“, disse Jarre.

“Exit” com Snowden

“Este projeto fiz junto com músicos diferentes, incluindo Pet Shop Boys”, – disse Jarre. Ele não deixou de tocar “Exit” que foi gravada junto com a ex-CIA e NSA Edward Snowden.

“Eu acho que vocês sabe quem é Snowden, ele é louco, precisamos ter mais loucos entre nós, aqueles que não têm medo de falar a verdade”, disse Jarre.

Jarre com seu Keytar Moog

O músico acrescentou que na parte conclusiva do seu discurso convidou o público a relaxar um pouco e dançar. Não é necessário um convite especial. Na frente do palco foi caracterizada por um avivamento significativo, a multidão estava dançando para a música do Maestro do espaço .

A idéia por trás da produção e do local foi criar um “complexo futurista” de diferentes “zonas”, com níveis de luxo em constante mudança. Na “zona de gravidade”, a área sem lugares perto do palco, estudantes e ex-alunos pulavam e dançavam nas areias do deserto. Nas “zonas de dança” mais caras, empresários e mulheres entre 40, 50 e 60 anos moviam-se pelo o som do mestre, bebendo cerveja em copos de plástico e saboreando o lanche ocasional. E mais ao fundo em tendas para quem pagou NIS 3.000,00 ou mais por bilhete, saboreavam em comodidades com a comida e bebida, seviço de garçom, e, obviamente, uma ótima vista do show, visto de confortáveis Sofás.

Harpa Laser

Jarre estava acompanhado no palco dos músicos que vem tocando com ele desde a turnê do ano passado, Claude Samard e Stephane Gervais. O músico estava totalmente a vontade com óculos escuro e jaqueta preta, ao estilo bem esportivo, não lembrando sua imagem jovem dos grandes concertos do passado, com as roupas desenhadas especialmente pelo estilista japonês Kenzo. Estava bastante vibrante e pulando muito, agitando os braços e clamando o público a pular junto.

Stephane Gervais

Jarre, o profeta do som e da luz !

Os artistas programados para tocar após o concerto de Jarre seguiram a programação, com destaque para a banda eletrônica israelense “Astral Projections”, que em um tributo ao mestre da eletrônica, apresentaram uma versão remix de “Oxygene 4”. O show seguiu até a madrugada com os DJs locais. Jarre não mais retornaria ao palco.

Músicos do “Astral Projections” com Jean Michel Jarre.

O concerto contou com potentes jogos de luzes e laser. O Monte Massada, que ficou ao fundo, foi um dos focos de iluminação do show, mas não houve projeções. Não ocorreram efeitos pirotécnicos e nem mesmo contou com uma orquestra, mas mesmo assim irá ficar marcado pra sempre na memória dos que lá estiveram. Jarre usou a JarreCam acoplada em seus óculos e também fez uso de drones para gravação do concerto.

Jarre é realmente o Mago do Som e da Luz.

Nas suas redes sociais, Jarre deixou a seguinte mensagem após o show:

“A noite passada foi fantástica !!
Tocar em Massada, perto do Mar Morto, foi como tocar na lua..e eu quero agradecer a todos que que vieram fazer barulho para aumentar a consciência sobre a situação crítica do Mar Morto. Nós estamos preparando vídeos deste evento único que será compartilhado em um futuro próximo…
Amor a todos,
Jean Michel Jarre.”

Stephane Gervais, Jarre e Claude Samard

SETLIST
Waiting for Cousteau
Countdown

Ethnicolor
The Heart Of Noise 
Automatic 2
Oxygene 2
Circus
Web Spinner
Exit
Equinoxe 7
Conquistador
Oxygene 8
Zero Gravity
Souvenir Of China
Immortals
Oxygene 19
Miss Moon (com Kama Kamila)
Brick England
The Architect
Chronologie 4
Oxygene 17
Time Machine 
Stardust
Oxygene 4
Equinoxe 4
Glory
Herbalizer (faixa inédita)
Stardust (remix)

A Agência Reuters publicou um vídeo com entrevista e trechos do show que pode ser visto abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=BDRgz61D7lY

A imprensa internacional também deu destaque de forma positiva.

http://www.dailymail.co.uk/wires/afp/article-4389242/Electro-music-pioneer-braves-elements-Dead-Sea-show.html

http://www.rtl.fr/culture/musique/jean-michel-jarre-fait-vibrer-le-site-de-massada-en-israel-pour-la-mer-morte-7788002768

http://www.europe1.fr/culture/jean-michel-jarre-donne-un-concert-au-bord-de-la-mer-morte-malgre-une-tempete-de-sable-3235193

http://www.ynet.co.il/articles/0,7340,L-4946596,00.html

https://ria.ru/culture/20170407/1491702412.html

http://www.jpost.com/Israel-News/Culture/Concert-Review-Jean-Michel-Jarre-in-Masada-April-6-486629

Fotos: Many thanks Sean Middleton, Ali Alsawaf e Yariv Dagan / Zoolook.nl

Agradecimentos: Jean Michel Jarre

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