Jornal inglês “The Guardian” publicou no dia 15 de Abril, uma reportagem sobre a colaboração entre o músico francês Jean Michel Jarre e o delator americano Edward Snowden. Os fã poderão acompanhar a reportagem traduzida completa abaixo e o vídeo track story oficial da colaboração.
Jean-Michel Jarre grava com Edward Snowden – após The Guardian os unir
Por Alexis Petridis (@alexispetridis) – 15 de abril de 2016
Quando o entrevistamos no ano passado, o pioneiro francês da música eletrônica pediu nossa ajuda para montar uma faixa com o informante da NSA.
A cobertura dos vazamentos da NSA por Edward Snowden do The Guardian teve uma grande variedade de repercussões, mas talvez nenhuma seja tão improvável quanto a mais recente: uma colaboração entre o denunciante de 32 anos e pioneiro francês da música eletrônica Jean-Michel Jarre, em uma faixa techno a ser lançada neste fim de semana.
“Edward é um perfeito herói dos nossos tempos”, disse Jarre, cuja faixa com Snowden, chamada “Exit”, aparece em seu próximo álbum de colaborações, “Electronica Volume 2: The Heart Of Noise”. O ex-funcionário da CIA faz uma aparição improvável em uma lista de convidados especiais que também inclui os artistas Pet Shop Boys, Gary Numan e a rapper Peaches.
“Quando li pela primeira vez sobre ele, lembrei de minha mãe”, disse Jarre. “Ela entrou para a resistência francesa em 1941, quando as pessoas na França ainda pensavam que eles eram meros arruaceiros, e ela sempre me disse que quando a sociedade está gerando coisas pra te derrubar, você deve se levantar contra ela. Todo o projeto Electronica é sobre a relação ambígua que temos com a tecnologia: por um lado, temos o mundo em nosso bolso, mas por outro, estamos sendo espionados constantemente. Há pistas sobre a relação erótica que temos com a tecnologia, o modo como tocamos nossos smartphones mais do que os nossos parceiros, sobre as câmeras de vigilância, sobre o amor na era Tinder. Parecia bastante apropriado colaborar não com um músico, mas alguém que literalmente simboliza essa relação louca que temos com a tecnologia.”
A colaboração, que apresenta Snowden falando ao invés de cantar, surgiu após Jarre conceder uma entrevista ao The Guardian no ano passado para promover o lançamento do antecessor do próximo álbum, Electronica 1: The Time Machine. Ele perguntou se seria possível para o jornal colocá-lo em contato com Snowden – cujas revelações sobre a vigilância levada a cabo pela Agência de Segurança Nacional dos EUA foram publicados no Guardian – para o qual ele concebera uma “agitada e obsessiva faixa de tecno, tentando ilustrar a ideia desta busca louca de big data de um lado e a caçada a um cara jovem pela CIA, NSA, FBI e outros.”
The Guardian passou o contato para Ben Wisner, advogado de Edward Snowden. “Eu não tinha idéia se ele estaria interessado”, Jarre disse de seu contato com Wisner, “mas ele adorou a ideia, achou que Edward também adoraria e nos colocou em contato. Enviei-lhe uma demo da música, em seguida tive um encontro com Edward no Skype. 90 minutos de conversa, onde expliquei o que eu queria fazer, nós falamos sobre a sua situação, a razão por que ele fez o que fez e então gravamos seus vocais.”
Jarre posteriormente viajou a Moscou para se encontrar com Snowden. “Eu queria filmá-lo, porque eu quero tocar a faixa no palco. Eu acho que é importante, se eu estou tocando em festivais com um público jovem, que as afirmações da faixa sejam promovidas e expostas. Passamos três horas juntos, nós o filmamos, falamos sobre um monte de coisas.”
Snowden se recusou a falar com o Guardian sobre a faixa, mas no vídeo que Jarre filmou em Moscou, ele disse ser um fã de música eletrônica – “As melodias de que me lembro com mais carinho são de vídeo-games” – e disse que estava “realmente surpreso” por ter sido contactado pelo autor de Oxygene, álbum que vendeu mais de 12 milhões de cópias, dono do recorde mundial do maior público na história. “Era algo que eu não estava esperando. Como engenheiro, alguém que não é muito cool, era uma espécie de divertimento colaborar em um grande projeto cultural.”
Tradução: Raphael Romero Barbosa
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