A descoberta do corpo de uma mulher esfaqueada, perto de uma fazenda em Haut-Doubs (região natural da França que corresponde à parte montanhosa do departamento de Doubs ao longo da fronteira com a Suíça)… Este é o enredo do filme “Les Granges Brûlées”, lançado em 1973 e estrelado pelo ator Alain Delon. Há quase 50 anos, Franche-Comté (uma região cultural e histórica do leste da França) e, mais particularmente, Haut-Doubs serviram de locação para este trabalho. Foi dirigido por Jean Chapot (1930-1998) e pelo próprio Delon. O ator francês contracenou com a atriz Simone Signoret (1921-1985) em uma fazenda isolada, com cenário de paisagens nevadas. Em 2022, os locais das filmagens quase não mudaram.
O ESPÍRITO DO FILME AINDA ESTÁ PRESENTE
Estamos acima de Pontarlier. A 1.200 metros acima do nível do mar, uma sensação de mistério ainda paira. Há 50 anos, foi aqui que o juiz de instrução Pierre Larcher (Alain Delon), veio investigar o assassinato de uma mulher, não muito longe da fazenda Granges Brûlées. Neste lugar, foi o local da residência da família de Rose (Simone Signoret).
Lembranças fortemente ancoradas na memória de Pierre Jouille. O homem havia servido como olheiro para a equipe de filmagem. “Aqui, você pode ver a porta da frente e todas as habitações”, diz ele, apontando para o edifício que ficou famoso por causa do filme. “Havia uma grande cozinha que estava lá e os quartos estavam mais longe, se bem me lembro. Foi em toda essa fachada que a família de Simone Signoret viveu”, acrescenta.
Um lugar cuidadosamente escolhido, graças a ele. “Jean Chapot, um dos diretores, disse que era o cenário ideal. Era essencial que a casa estivesse na neve. Era uma característica ligada a um dos personagens principais do filme. A casa também tinha que ser livre, porque acho que os camponeses que estavam lá devem ter ficado envergonhados com o tiroteio”. Uma receita vencedora: o filme atraiu mais de 900.000 espectadores apenas na França. O que foi bastante impressionante, na época.
UMA VITRINE PARA A REGIÃO
Para os cinéfilos, é um filme como não sabemos mais como fazer. É o que pensa Claude Bertin-Denis, por exemplo. Ele é presidente do Centro de Recursos Iconográficos para o Cinema dos Amigos do Museu de Pontarlier. Segundo ele, o cartaz do filme já tem um caráter excepcional: “Vou primeiro mostrar-lhe o cartaz francês desta obra. É bastante significativo! Acho que dá uma visão bonita da nossa região, dos seus personagens, mas também do lugar das mulheres, do matriarcado dominante. É um filme que, na minha opinião, está muito à frente do seu tempo.”
Os habitantes de Pontarlier também se lembram do tiroteio. Muitos deles eram figurantes. Eles ainda querem ver o cartaz do filme como prova. “É a descoberta do corpo dessa mulher na neve, com os gendarmes que estão lá. Lá também, há toda a brigada de gendarmaria de Pontarlier”, acrescenta Claude Bertin-Denis. O longa-metragem ainda marca os amantes do cinema até hoje, especialmente porque sua trilha sonora foi composta por Jean-Michel Jarre.
Fonte: france3-regions.francetvinfo.fr|Escrito porToky Nirhy-Lanto|Reportagem com Fleur de Boer
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