PARIS LA DEFENSE – UNE VILLE EN CONCERT COMPLETA 30 ANOS – SEGUNDA PARTE

CONTINUAÇÃO DA PRIMEIRA PARTE

A revista Paris Match em sua edição de 26 de julho daquele ano, publicou uma entrevista com o Jarre, onde ele revelou alguns detalhes do concerto:

Em 14 de julho de 1979, um milhão de pessoas assistiram ao seu primeiro concerto na Place de la Concorde e você entrou para o Guinness Book of Records. Quando você percebeu que tinha acabado de quebrar seu próprio recorde?
“No dia do concerto, por volta das 16:00, eu estava no palco e, de repente, vi a multidão invadir e bloquear o eixo que vai do Arco do Triunfo até a Pont de Neuilly. As pessoas estavam ombro a ombro! Seis meses atrás, quando avisamos a polícia para bloquear o trânsito de veículos ao meio-dia, eles responderam: ‘Não é necessário, você não terá mais de 400.000 pessoas!’ Eu sabia que haveria muito mais, mas dois milhões e meio está além de qualquer coisa que eu já tenha conhecido, qualquer coisa que eu poderia imaginar.”

Como você viveu os últimos minutos antes do concerto?
“No último momento, fomos avisados ​​de que não poderíamos usar fogos de artifício. No entanto, sem fogos, não haveria espetáculo! Por essa razão, tivemos que adiar o show por vinte e cinco minutos e me vi sozinho lá no palco esperando. Foi difícil, muito difícil… Quando comecei a tocar, foi como uma entrega, uma libertação.”

Você ouvia os aplausos?
“Foi um dos momentos mais fortes, quando a contagem regressiva começou… A atmosfera de toda a avenida foi registrada. Eu vi tudo até lá na Place de l’Étoile. Eu podia ouvir as pessoas que, em ondas sucessivas, entoavam 9, 8, 7 … Foi incrível! Estávamos em uma arena de espetáculos da escala de uma cidade e mesmo aqueles que estavam a vários quilômetros do palco faziam parte integral do concerto.”

Quais problemas técnicos você teve que enfrentar?
“Vários. Os alpinistas que lutaram contra o vento para conseguir esticar as lonas nos edifícios de cento e vinte metros de altura. Eles desceram de rapel. No domingo passado, um cara ficou enganchado por seis horas. Não podia subir ou descer por causa das rajadas de vento. No topo das torres, os ventos atingiram o grau 8 (Escala de Beaufort, considerado muito forte, com velocidades de 62 a 74 km/h. Para efeito de comparação, um furacão tem grau 12 ). Tivemos muita sorte de não haver feridos. Outra dificuldade que deve ser levada em consideração foi colocar trezentos quilômetros de cabos elétricos e dois mil e quinhentos quilowatts de som sem obstruir o tráfego em uma área de trânsito no principal eixo da capital.”

Como você conseguiu motivar cerca de mil profissionais por mais de três meses?

“Eles sabiam que haveria apenas um concerto e então, para melhor motivá-los, eu sempre fui o primeiro a chegar e o último a sair. Disponível para todos. Chega um momento em que as pessoas querem ver você e ninguém mais. Nas últimas semanas, eu não dormi mais do que um quarto de hora aqui, e um quarto de hora lá em casa.”

Qual foi a primeira coisa que você fez quando saiu do palco?

“Fui para a nossa cantina encontrar toda a equipe. Isso é um ritual do qual nunca sinto falta. Os outros, quem quer que sejam, podem esperar”

Qual comentário mais te tocou?

“Fui dormir muito tarde, ou melhor, muito cedo, após o concerto e o primeiro telefonema que recebi quando acordei, foi o do Comandante Cousteau. Ele estava no mar da China a bordo de seu barco Calypso e me ligou para me parabenizar.”

Alguns ficaram surpresos pelo fato de seu último álbum dedicado ao meio ambiente e ao Cousteau ter sido o tema de uma encenação urbana.

“Não há contradição. Se preocupar com o meio ambiente é também aceitar mudanças na sociedade. Acho que no sábado à noite poderíamos conversar sobre convívio. Eu queria mostrar que, à primeira vista, o planejamento urbano frio e perturbador poderia estar perto de nós, de modo familiar”

Como se superar? Parece difícil após o seu sucesso parisiense.

“Se você diz ‘você sempre precisa fazer um maior’, então sim, é difícil. Mas esse nunca foi o meu propósito. Dois milhões e meio de pessoas é inesperado! Mas isso não é o mais importante. Foi acima de tudo uma festa popular de rua. Eu realmente quero fazer um show na Austrália, entre os aborígenes. Será outra coisa. Não haverá tantas pessoas, mas o show será filmado e transmitido ao vivo por satélite. Eu não quero quebrar um recorde ou me repetir. É apenas a aventura que me interessa.”

SETLIST:

Paris La Défense
Oxygene 4
Equinoxe 4
Equinoxe 5
Souvenir of China
Magnetic Fields 2
Ethnicolor
Ethni-Transition
Zoolookologie
Revolution, Revolutions
Rendez-Vous 2
Calypso 2
Calypso 3
Calypso
Rendez-Vous 4
Calypso (bis)

La Tribu: Michel Geiss, Francis Rimbert, Dominique Perrier, Sylvain Durand e Frédérick Rousseau (sintetizadores), Guy Delacroix (baixo), Dino Lumbroso (percussão), Christophe Deschamps (bateria) e Christine Durand (vocalista)

Orquestra Arábica: Al Mawsili sob a direção de Larbi Ouechni

Steel Drums: Amoco Renegades sob a direção de Jit Samaroo

Coral: Hauts de Seine sob a regência de Bruno Rossignol

Foi programado o lançamento de um álbum ao vivo do concerto para abril de 1991. Porém, com os preparativos do Concerto para o Eclipse no México, o álbum foi adiado para combinar com um lançamento reunindo as gravações dos dois concertos, como aconteceu por exemplo, com o álbum In Concert Houston / Lyon. Porém, o concerto do México foi cancelado e Jarre preferiu lançar a coletânea Images, reunindo algumas versões gravadas em estúdio dos dois concertos.

O show foi lançado em VHS na França e na Austrália em 1991, e no Reino Unido em 1992. Um magnífico photobook de 80 páginas também foi produzido. No Brasil, a antiga revista Manchete publicou uma foto na edição de 4 de agosto ocupando duas páginas (clique na imagem e aplique um zoom para ler a reportagem).

A Rede Globo comprou os direitos de transmissão e exibiu o concerto no dia 30 de dezembro, às 23:45 (clique na imagem e aplique um zoom para ler a reportagem do jornal “O Globo”).

Jarre postou em suas redes sociais uma foto da multidão e comentou:

“Concerto Paris, La Défense: há exatamente 30 anos, a liberdade e a alegria de estarmos juntos”

 
 
 
 
 
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Como está La Défense atualmente? Veja na foto abaixo:

Fontes: Fanzines Conducor of the Masses Issue 1 e Destination Jarre Issue 2 / Acervo Jarrefan Brazil / Revista Paris Match

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