No início da década de 1990, o músico francês Jean Michel Jarre anunciou na imprensa um ousado concerto que poderia ter sido seu primeiro projeto na América Latina, o “Concierto para el Eclipse”, nas ruínas de Teotihuacán no México, em 11 de Julho de 1991. Infelizmente, o mesmo foi cancelado oficialmente alguns dias antes de acontecer e as razões até hoje não estão totalmente esclarecidas.
Tudo começou em outubro de 1990, três meses após o espetacular concerto no La Défense em Paris. O governo da França, ofereceu a ideia de um concerto similar de Jean Michel Jarre no México para o Embaixador mexicano em Paris. A resposta foi positiva e Jarre começou a trabalhar em cima do projeto.
Logo, várias empresas mexicanas demonstraram apoio ao concerto e passaram a patrocinar o evento. O tecladista francês começou a estudar músicas e instrumentos dos povos indígenas que viviam no México, como os maias e astecas, e a planejar o show.
Em maio de 1991, Jean-Michel viajou até o México para explicar seu conceito de show na imprensa local e visitar o lugar onde aconteceria o concerto: as ruínas da cidade de Teotihuacán. Uma exposição sobre a carreira dele, foi aberta pelo governo local no Palacio de Bellas Artes, na capital mexicana, para explicar para a população quem era o artista. Durante dois meses, esta expo apresentou informações sobre os concertos anteriores de Jean Michel Jarre, com várias fotos dos shows, além de informar sobre o futuro concerto em Teotihuacán com exibição de dois instrumentos que Jarre usuária: Lag Circulaire e Lag Insecte. O pôster oficial com a artwork especialmente criado para o show, também foi exibido.
Segundo o divulgado para a imprensa a proposta do show era :
Em um palco piramidal semelhante ao utilizado no concerto de La Défense, montado entre as Pirâmides da Lua e do Sol em Teotihuacán, Jarre realizaria um grande evento no dia 11 de Julho de 1991, intitulado “Concerto para o Eclipse”, dividido em duas partes:
1. A primeira parte começaria a partir do meio dia e meia, quando o sol seria coberto pela lua durante 7 minutos, acontecimento que só ocorrerá novamente no ano de 2116. Jarre, junto com artistas indígenas locais, apresentaria músicas inéditas criadas com vários instrumentos antigos pré-colombianos.
2. Já a segunda parte, aconteceria a partir das 20:30. Jarre retornaria para uma apresentação chamada de “Son et Lumière” em uma espetacular performance com luzes, efeitos especiais, projeções, laser e show pirotécnico tocando suas músicas clássicas mais famosas. Tudo isso em um dos mais excitantes destinos do mundo: Teotihuacán. Nomeado pelos antigos astecas significa ‘o lugar onde os homens se tornam deuses’…
Haveria cobrança de ingressos, algo raro em seus concertos. Jarre se mostrou contra a princípio, mas devido ao alto número de investidores envolvidos acabou concordando.
Em maio, faltando apenas dois meses para o concerto, Jean Michel Jarre concedeu uma entrevista para o canal de notícias ECO (Empresa de Comunicação Orbitales) no Museu de Antropologia da Cidade do México.
Parte 2 (Infelizmente não temos a primeira parte):
Parte 3:
Jarre também foi entrevistado no “Jornal 24 Horas” pelo jornalista Jacobo Zabludovsky:
Jarre começou a compor para o concerto, incluindo três músicas inéditas, sendo que uma delas, seria algo descrito como um rap indígena, baseado em um poema asteca. As outras duas acabaram aparecendo no mesmo ano no álbum “Images – The Best of Jean Michel Jarre”: “Eldorado” e “Globe Trotter”.
Entrevista do Jarre para a rádio mexicana WFM:
Anúncio:
Parte 1:
Parte 2:
Parte 3:
Tudo indicava que nada daria errado, mas infelizmente… deu.
Em 1997, no documentário “Making the Steamroller Fly”, Jarre deu a sua versão para o cancelamento: o palco foi perdido devido ao naufrágio no Oceano Atlântico do navio que estava fazendo o transporte da Europa para o México. Não daria tempo de transportar novo material e a opção foi pelo cancelamento.
Informação “oficial” que pode não ser exatamente verdadeira, visto que várias informações vindas de pessoas que trabalharam neste concerto na França e no México, além da imprensa, parecem contradizer tudo isso.
…CONTINUA
MÉXICO – CONCERTO PARA O ECLIPSE (CANCELADO) – 1991 – SEGUNDA PARTE
Fontes:
Site http://chrono9394.wordpress.com/
Livros: Jean Michel Jarre – Biografia espanhola – Rubén Alonso
O homem que faz a luz dançar – Renato Mundt
Fanzines: Destination Jarre – Reino Unido / Globe trotter – França
Fórum Fairlight Jarre – Espanha
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