Ao inaugurar o novo estúdio da L’Idem, escola especializada em criação multimídia sediada em Soler, o compositor lembrou que o Metaverso, uma nova versão da Internet ainda em desenvolvimento baseada na Realidade Virtual, é uma questão estratégica de soberania para a França.
Em Soler, nos Pirenéus Orientais (departamento francês situado no sudoeste da França, na fronteira com a Espanha), Jean-Michel Jarre não mediu palavras para exortar os investidores a apoiar as empresas francesas no desenvolvimento do Metaverso, a nova versão da Internet ainda em desenvolvimento, baseada na Realidade Virtual (VR). O compositor detém o recorde mundial, com 75 milhões de visualizações, para um de seus concertos que foi transmitido pela startup VRrOOm, de Perpinhão (capital dos Pirenéus Orientais), em VR, para várias plataformas simultaneamente.
Foi nas instalações do L’Idem (Escola Superior de Indústrias Criativas e Digitais), em Soler, onde inaugurou um novo estúdio e um curso de formação dedicado ao Metaverso (mais informações no Rápido & Rasteiro de maio de 2022), que Jean-Michel Jarre pleiteou para que a França e a Europa se tornassem cientes desta grande participação estratégica: “Não devemos deixar de lado o Metaverso, onde temos habilidades, como fizemos com a Internet que inventamos e depois deixamos escapar para os Estados Unidos. A Realidade Virtual é a Internet de amanhã. Passado o período da Covid, essa ruptura deve ser vantajosa para nós, para que possamos consolidar a posição de liderança que ocupamos hoje.”
Para o artista, o Metaverso oferece novas oportunidades criativas. Ele compara esse novo espaço ao que encontrou na juventude, quando trabalhou com Pierre Schaeffer no Groupe de Recherche Musical (Grupo de Pesquisa Musical), centro de experimentação que irriga a música “acadêmica” e eletrônica desde os anos 1960.
Mas ele também vê isso como uma grande questão de soberania intelectual e econômica: “Quando realizo um concerto em Realidade Virtual, somos forçados a confiar em plataformas estrangeiras porque não temos uma nuvem soberana na França. Isso necessariamente não só nos expõe ao fato de que as plataformas aumentam suas taxas de forma discricionária, mas também a uma possível censura ao nosso conteúdo que poderia ocorrer”, diz Jean-Michel Jarre.
“Hoje vemos estratégias muito agressivas, da Meta por exemplo, a empresa-mãe do Facebook, que vem com dólares para roubar os talentos que temos aqui na França e de forma mais geral na Europa”, continua o músico. “Mas a questão não é tanto resistir, mas responder a ela. É hora dos investidores, públicos e privados, perceberem o que está em jogo. Porque aqui estamos a falar não só de economia, mas também de emprego e desenvolvimento sustentável. Seria insano se a tecnologia não trouxesse parte da solução. Em Soler, de qualquer forma, preparamos os alunos para trabalhar nesse novo universo.”
Fonte: Le Parisien
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