A notícia correu o mundo em 10/08, sendo inclusive postada no Brasil pelos meios de comunicação como o jornal “Estado de Minas” e o “G1” das Organizações Globo. A notícia foi publicada originalmente no jornal francês “Le Parisien – Week-end” com chamada e matéria de capa. Segundo as agências de notícias internacionais, o músico francês Jean Michel Jarre, 69 anos, procurou a Corte Europeia de Direitos Humanos (TEDH) depois que a Justiça de seu país decidiu privá-lo (junto com sua irmã, Stéfanie) da herança de seu pai, Maurice Jarre (ganhador de três Oscars pelas trilhas sonoras de “Lawrence de Arabia”, “Doutor Jivago” e “Passagem para a Índia”), falecido em 29 de Março de 2009. Essa disputa já rola há algum tempo e agora se tornou pública. Ao que tudo indica, Maurice Jarre teria deserdado os dois filhos legítimos que teve (Jean Michel e Stéfanie) e deixado toda sua fortuna para sua quarta e última esposa, Fui Fong Khong, através de um “family trust”, uma estrutura jurídica prevista no direito californiano.
Maurice Jarre e sua ultima esposa, Fui Fong Khong e Jean Michel Jarre
A questionada sucessão veio à tona no começo da disputa judicial em torno da herança do cantor francês Johnny Hallyday entre sua viúva e os dois filhos mais velhos do astro do rock. Eles questionam o testamento feito nos Estados Unidos por seu pai, que os deserdou em virtude da lei californiana. Em setembro de 2017, a Corte de cassação decidiu, em um caso que apresenta muitas analogias, deserdar Jean-Michel Jarre e sua irmã, sabendo que seu pai tinha organizado sua sucessão segundo o direito californiano.
“O direito dos herdeiros não é unicamente um caso de dinheiro, afeta âmbitos muito mais importantes como a proteção dos laços familiares e, para os criadores, o direito moral dos artistas“, indicou Jean-Michel Jarre em sua missiva.
“A proibição de ter acesso, se assim o quisermos, a uma foto, a um bem pessoal do seu pai ou da sua mãe. Isso é o que me surpreende”, lamenta o músico de 69 anos. “Lembro-me de que, depois do funeral de nosso pai em Los Angeles, em sua própria casa, seu estúdio particular estava trancado para que não pudéssemos acessá-lo. A Stéfanie sofreu particularmente. Hoje, além disso, nem ela e nem eu temos alguma lembrança de nosso pai.”
Stéfanie, o pai Maurice e a última esposa, Fui Fong Khong
“Minha irmã, Stéfanie, e eu levamos nosso caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos pela falta de respeito aos direitos da família e pela violação excessiva do nosso sistema de segurança jurídica”, escreveu o pioneiro da música eletrônica em uma coluna, publicada na sexta-feira o jornal Le Parisien.
Entre seus argumentos, ele insiste na perda de renda para o Estado francês, devido a “montagens jurídicas” no exterior.
Maurice Jarre em casa (com seus Oscars) ao lado da Esposa, Fui Fong Khong
“Eu sempre vivi e paguei meus impostos na França e acho totalmente inaceitável descobrir que, em última instância, a justiça do meu país valida indiretamente, ou ignora os arranjos legais para violar os princípios essenciais de nossa cultura, levando, além de um um déficit para as finanças do nosso país, uma vez que estes acordos tornam possível escapar completamente do imposto sobre herança.”
Fontes: Le Parisien / G1
Agradecimentos e tradução: Leonardo Jammal (MG)
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