“Este foi o motor que sempre me colocou em movimento: afastar-me do que tinha feito até então, encontrar outros caminhos, sequestrar o meu próprio estilo…” – Jean-Michel Jarre foi o convidado do jornalista Cătălin Ştefănescu no programa “Garantat 100%” do canal de TV romeno TVR 1, no dia 3 de dezembro.
Ele já vendeu cerca de 80 milhões de álbuns e singles. Jean-Michel Jarre é conhecido pelos seus concertos ao ar livre com número recorde de pessoas, efeitos de laser e fogos de artifício espetaculares, nos quais o espetáculo visual aproveita e realça as paisagens e a arquitetura do entorno. Na primeira edição de dezembro do programa “Garantat 100%”, Cătălin Ştefănescu ofereceu-nos uma extensa discussão com o instrumentista e compositor francês, que foi Embaixador Oficial do iMapp Bucareste, onde esteve presente e entregou o Grande Prêmio à equipe vencedora da competição.
No diálogo com Cătălin Ştefănescu, o artista francês revelou que a sua mãe desempenhou um papel enorme na sua vida: “Ela foi uma mulher extraordinária. Também foi uma heroína da Resistência Francesa. Com ela aprendi a não desistir e a ser tolerante”. A mãe o impulsionou para a arte, facilitou seu encontro com Boris Vian (romancista, poeta, dramaturgo, tradutor, roteirista, diretor de espetáculos de cabaré, trompetista de jazz, compositor e cantor), talvez um dos nomes mais famosos da cultura parisiense depois do Segunda Guerra Mundial.
“Minha mãe abriu meus olhos e meu coração, minha mente e sensibilidade para a arte. Não se tratava apenas da música. Ela me mostrou arte contemporânea, criações de Hans Hartung, Pollok. Mas também os impressionistas, por exemplo. Tive muita sorte de ter uma mãe interessada em arte em geral”, conta com entusiasmo o convidado de Cătălin Ştefănescu.
A discussão então flui suavemente para fontes de inspiração e ideias musicais. “Pela sua própria essência, uma ideia musical é de alguma forma esperada. Pode nascer da nossa conversa, do som da chuva na janela, de um fragmento de filme que você viu há uma semana. Todos estes elementos aleatórios juntam-se em algum momento para preparar um ‘cocktail’ à la Boris Vian, para oferecer algo que nos incite, como artistas, que nos inspire a criar algo explorando uma ideia, não outra.”
Lições importantes de vida? Houve algumas. Entre elas, Jarre menciona as coisas essenciais que o trompetista e solista de jazz Chet Baker lhe deu: “A melodia é muito importante, mas é ainda mais importante livrar-se dela, compor em torno dela. Ele também me disse que, além da melodia, o mais importante é o som. A música é feita de sons. Foi algo que mudou minha vida. Eu não sabia na época, mas agora percebo o papel significativo que isso teve em minha vida. O fato de que a música não significa apenas notas e solfejos, mas é composta principalmente de sons”.
Segundo o compositor e instrumentista francês, a criação é, de certa forma, uma atividade egoísta: “Quando você compõe uma música, você pensa em si mesmo… Você pensa por si mesmo, para aliviar a dor, para esquecer os problemas, para escapar. E se, ao fazer isso, você também agrada ao público, perfeito! Mas não é obrigatório. Muitos artistas não encontram seu público. Isso torna sua criação menos bem-sucedida? Não necessariamente. O sucesso pode ser viciante, é preciso ter cuidado”, alerta no “Garantat 100%”.
O sucesso? Frcasso? O que isso significa de acordo com Jean-Michel Jarre? Como ele se relaciona com sua jornada até agora? “Se olhar para o que fiz até agora, percebo que gosto de desafios, gosto de me surpreender. Mesmo quando eu tinha 30 anos e vi alguns de meus colegas fazendo sucesso, percebi que eles já estavam explorando suas próprias receitas. Eu nunca poderia fazer isso. (…) Isso sempre me incitou e foi esse o motor que me colocou em movimento: afastar-me do que tinha feito até então, encontrar outros caminhos, sequestrar o meu próprio estilo, se assim posso dizer.”
Assista a íntegra do programa abaixo:
Fonte: TVR 1
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