Fã brasileiro conta a emoção de ver Jarre de perto

No último dia 16 de março, o fã brasileiro José Carlos, realizou um sonho de todos os Jarrefans brasileiros. Assistir a um concerto de Jean Michel Jarre e encontrar o próprio na saída do show, junto com os músicos da La Tribu. Aqui está um depoimento-entrevista com este fã sortudo à Ricardo Melo:

Como você conheceu o artista e os discos dele?

R.: Conheci o artista pela música que estava tocando uma vez na televisão num programa tipo “Fantástico” que passava aos domingos na Espanha (país que morava na época). Foi em 1982 no lançamento do disco “The Concerts in China”. Eu era pequeno mas a música dele me tocou de alguma maneira que não sei explicar. A música era “Souvenir of China“. O clipe na China, a música, tudo me deixou hipnotizado. Depois dessa época só voltei a ter contato direto com a música do Jarre em 1986 com o disco “Rendez Vous”, que foi o primeiro disco que comprei. Depois comprei “Equinoxe“, “Zoolook“, “Magnetic Fields” e gravei em fita cassete cromo todo o show da China pois não conseguia achar o disco de vinil duplo lançado na época que abria com a famosa foto interna do reflexo dele no espelho de um quarto. Só fui achar esse disco anos depois numa lojinha de discos no sul de Minas Gerais. Fiquei muitos anos procurando alguém que tivesse o vídeo do show da China. Cheguei a falar com um amigo que trabalhava na Rede Manchete na época pra me arrumar a gravação do programa que passou no canal sobre o show. Infelizmente ele não conseguiu. Só anos depois consegui baixar o show, que me marcou tanto, pela Internet.

A emoção de saber que haveria um show que você poderia ir.

R.: Fiquei sabendo que ele iria iniciar uma turnê na Europa pela comunidade que faço parte no Orkut (Jean-Michel Jarre Brasil) mas nunca imaginei que o primeiro show oficial fosse na cidade onde eu estava. Quando eu vi a lista com os locais da turnê fiquei paralisado, sem palavras. Não podia acreditar que ia realizar esse sonho tão distante e improvável de assistir ao show do Jarre num local fechado e com uma platéia pequena (se comparado aos megashows). Mas aí surgia um problema. O meu retorno para o Brasil estava marcado para uma semana antes do show. Teria que adiar o meu retorno em uma semana para poder assistir ao mesmo. Entrei em contato com a agencia de viagens para verificar se era possível adiar o retorno. A resposta foi positiva mas teria que pagar uma multa de 120 dólares. Comecei a entrar no site da sala de concertos para verificar preço e disponibilidade de lugares. Como houve uma demora na definição do meu retorno, acabei perdendo a chance de comprar na “Arena”, ou seja, nas cadeiras em frente ao palco. Foi a primeira área que teve os ingressos esgotados. Acabei comprando para o Bloco M (parte superior) com uma boa vista do palco. O preço foi bem salgado, 50 libras (quase 200 reais). Mas fosse o preço que fosse, eu jamais perderia essa chance única.

A espera do show em Glasgow. Fiquei sabendo que estava frio. Você chegou a conversar com outros fãs ? Viu outros brasileiros ?

R.: A espera pelo show foi bem interessante pois a todo momento quando saía na rua procurava cartazes de propaganda do show. Até que um dia na saída do Subway (metrô) eu vi um cartaz de propaganda do show. Só que durou pouco. Três dias depois o cartaz já tinha sido retirado. Acredito que devido ao problema dele com Dreyfus. Dias depois eu vi um cartaz na entrada de uma loja de discos. Já era de noite e o cartaz estava quase caindo, pois estava dependurado. Acabei puxando ele e levando como recordação. Conversei com fãs apenas após o show na espera por um autógrafo. Não vi brasileiros. Conheci um americano do Texas que estava realizando um sonho muito interessante. Ele tinha uma foto do pai dele apertando a mão do Jarre na época do show de Houston. Como o pai dele já morreu, ele queria fazer o mesmo e mostrar a foto do pai para o Jarre. Felizmente acabou conseguindo. Tenho o e-mail dele e vou tentar contato com ele. Tinham também espanhóis, ingleses e logicamente, escoceses.

O show em si, sei que ele entra naquela cadeira em forma de ovo, fala um monte de coisa, apresenta os instrumentos a banda e começa a tocar.

R.: A música ambiente que estava tocando antes do show era “Waiting for Cousteau“. O show teve inicio as 20:05 (5 minutos de atraso) e durou 1h e 35min (com bis). Jarre começa falando sobre sua alegria de estar iniciando a turnê em Glasgow. Fala sobre o fato do show estar lotado mesmo sem propagandas e sobre os equipamentos analógicos que serão utilizados. Existe a possibilidade de ocorrerem problemas durante o show, pois não existe nenhum recurso computadorizado no palco, ou seja, tudo nu e cru. O som estava muito bom mas teve uns problemas no início pois um dos canais de som estava com muito chiado na reprodução de certos ruídos. Teve o efeito do espelho que refletia os músicos tocando. Um neon de cor amarela que descia acima dos equipamentos que o Jarre estava tocando em uma das músicas. Durante a execução da Oxygene 6 foi projetada a famosa caveira da capa do disco com vários efeitos gráficos, entre eles, uma viagem por dentro dela.

As faixas (incluindo o WFC, que ele sempre costuma tocar antes dos shows)

R.: A música ambiente antes do show é WFC. O inicio do show foi tipo um aquecimento dos músicos e dos equipamentos com a reprodução de vários sons. Depois tem inicio a reprodução das 6 músicas do disco com algumas variações principalmente entre as músicas. Uma das grandes variações é em Oxygene 5 quando Jarre se aproxima muito do som da banda alemã “Tangerine Dream”. Quando terminaram de tocar o album Oxygene, foram ovacionados pelo público e logo emendaram com a Oxygene 12. Assim que terminaram a música, Jarre agradeceu o público várias vezes e chamou os músicos para um gesto de agradecimento. Eles saem do palco e o público não para de aplaudir e pedir para que voltem. 2 minutos depois regressam e de novo, agradecem a presença de todos. Saem do palco e o público continua aplaudindo e pedindo bis. Nisso o Jarre volta e executa sozinho a música Oxygene 13 para o Gran Finale. Tremendamente ovacionado no final e cumprimentado por várias pessoas que estavam na Arena, ele se despede pela última vez.

O encontro final com o artista. Ele falou alguma coisa sobre o Brasil? Pegou Autógrafo?

R.: Após 2 horas de espera no frio na porta externa do prédio no local onde supostamente os músicos sairiam, digo  supostamente pois existia uma outra porta no outro extremo do prédio que também poderia ser usado como saída. Inclusive os carros que levariam os músico ficaram o tempo todo mudando de porta para tentar enganar os fãs que aguardavam ansiosamente por um autógrafo. Teve um momento que o Francis entrou pela porta mas não deu autógrafo. Depois os músicos saíram. Primeiro o Claude, depois o Francis e o Dominique. Após 40 minutos saiu o Jarre. Foi uma loucura pois todos queriam pegar autógrafo ao mesmo tempo. Quando cheguei perto falei que era do Brasil e pedi para que fosse ao Brasil. Ele ficou rindo mas não falou nada pois as pessoas não paravam de pedir autógrafo. Foi muito difícil tirar foto com ele pois a situação foi bem rápida e não dava tempo de ficar tirando fotos e pedindo autógrafo ao mesmo tempo. O mais incrível e o que valeu tudo foi quando a minha irmã (que me acompanhou no show) falou pra ele que ela cresceu ouvindo o Jarre por minha causa pois eu não parava de ouvir os discos dele. Ele achou engraçado e me falou “really”. Sorriu e deu três tapas leves no meu rosto. Eu fiquei paralisado e não consegui falar mais nada e nem tirar fotos…

Merchans que você conseguiu. Tipo camiseta ou o programa do concerto…

R.: Tinham vários produtos como canecas, camisetas, chaveiros, correntes com a caveira do disco pra botar no pescoço, o programa do show, posteres, etc. Eu comprei duas camisetas e a caveira do Oxygene de ferro com a corrente. Depois me arrependi amargamente de não ter comprado o programa do show pois a galera estava usando ele para autógrafos. Na verdade como comprei o DVD, achei meio redundante ter o programa do show. Preferi comprar as camisetas (que por sinal foram bem caras).

José Carlos

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Marcos Paulo
Fã Clube criado em 1997 nos primórdios da internet no Brasil. Buscamos sempre a realização de ao menos uma apresentação do Maestro Jean Michel Jarre em nosso país.