“O meu novo álbum AMAZÔNIA saiu hoje. Fiquei imediatamente intrigado com o convite para criar uma composição especial para acompanhar a exposição do grande trabalho de Sebastião Salgado, pois sou um enorme admirador da sua visão e contribuição implacável para preservar a Floresta Amazônica. Queria evitar a abordagem etnomusicológica, ou criar música de fundo. Então concebi uma espécie de caixa de ferramentas contendo elementos musicais – orquestrais e eletrônicos – que pretendia recriar ou evocar o timbre de sons naturais, aos quais adicionei sons do ambiente, e finalmente fontes étnicas. Compus Amazônia numa só vez, dia e noite, em frente aos rolos das fotos de Sebastião, mergulhando-me nesta imensidão, familiar e misteriosa, serena e perturbadora, poderosa e vulnerável… Floresta de Sebastião Salgado.
Espero que gostem desta viagem e se me permitem recomendar – ouçam a versão binaural em seus fones de ouvido. É uma experiência completamente diferente (disponível para stream ou através do código de download dentro do CD & Vinil). https://jean-michel-jarre.lnk.to/Amazonia
Este é um álbum muito especial para mim: espero que gostem e que contribuam para a vossa conscientização sobre a necessidade urgente de conservar este incrível pedaço do nosso planeta que é a AMAZÔNIA.
#AMAZÔNIA #SebastiãoSalgado #UNESCO“
Jean-Michel Jarre
“Nunca estive na Floresta Amazônica, mas sei disso: este é o pulmão do planeta do qual dependemos, este Eldorado verde, lugar de todas as fantasias e extremos, de Aguirre, Fitzcarraldo e de tantos outros. Familiar e misteriosa, serena e perturbadora, poderosa e vulnerável… Uma droga viciante e fatal… A Floresta de Sebastião Salgado.
Um pássaro canta, o vento sopra nas folhagens, os homens que passam, cantam e conversam, as mulheres tomam banho, a tempestade ressoa, um avião passa, a chuva cai na pedra, todos esses sons aleatórios e ignorantes de uma orquestração ou arranjo de algum tipo, no entanto, formam uma harmonia global: a música da floresta. Há também na Floresta Amazônica, a dimensão do nomadismo, movendo-se de um lugar a outro, da escuridão à luz, de uma tranquilidade suave à uma ameaça latente, avançando e deixando a realidade para trás, para afundar no poder dos ritos e dos sonhos. Eu construí esta música como uma caixa de ferramentas, constituída por objetos sonoros diferentes uns dos outros, e também, como uma perambulação entre elementos orgânicos, naturais, étnicos, orquestrais, eletrônicos, que passariam como uma floresta que a gente atravessa e deixaria para trás, vestígios transitórios de um tempo e espaço sem fim. E então neste oceano verde, a eterna presença humana, presente em seus corações como nos nossos. Como nas fotos de Salgado nada é preto ou branco, tudo está aqui no cinza com infinitas perspectivas, com seus muitos contrastes, polêmicas, ambiguidades, dor, harmonia, resistência e resiliência. Sempre fui fascinado pela Floresta Amazônica e como dizia Blaise Cendrars, que descreveu um lugar onde nunca esteve: Posso nunca ter estado lá, mas vou te levar lá…”
Jean-Michel Jarre
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