JEAN-MICHEL JARRE
Nome completo: Jean-Michel André Jarre
Origem: Perrache, Lyon – França
Nascimento: 24 de agosto de 1948
Signo zodiacal: Virgem
Introdução
Jean-Michel Jarre, conhecido no Brasil como “Mago dos Teclados”, é um dos maiores músicos eletrônicos de vanguarda. Estima-se que tenha vendido até hoje, mais de 80 milhões de discos em todo o mundo.
De uma família voltada para a música, seu avô, André Jarre (1894-1965), foi um músico de Oboé, engenheiro musical e após a Segunda Guerra Mundial, um dos inventores da mesa de som e do pick-up musical na França reconstruída do pós-guerra. Seu pai, Maurice Jarre (1924-2009), foi um dos principais compositores do cinema contemporâneo, ganhador de três Oscars de melhor trilha sonora. Maurice era o compositor favorito do cineasta inglês David Lean, tendo participado da composição de seus principais filmes como “Lawrence da Arábia”, “Dr. Jivago” e “A Filha de Ryan”.
Do nascimento aos primeiros acordes
Sua história tem início em 24 de agosto de 1948, quando ele nasce como Jean-Michel André Jarre. Apesar de ser filho de Maurice Jarre, o jovem Jean Michel foi criado por sua mãe, France Pejot (1914-2010), uma antiga militante da Resistência Francesa, pois seu pai ao se separar da família em 1953, foi viver nos EUA (Maurice casou-se novamente e teve uma filha americana de nome Stéphanie Jarre).
O jovem Jean começou a estudar piano com 5 anos de idade. Ainda pequeno, foi morar com a mãe na capital francesa, onde começou a estudar música clássica no “Conservatório de Paris”, no mesmo lugar onde seu pai também tinha começado. Por volta de 1957, seu professor de piano mudou e sua nova professora, Jeannine Rueff, deu um novo incentivo para o seu jovem aluno. Em Paris, Jarre estudou no Colégio Lycee Michelet (Ensino Médio) nos subúrbios da cidade.
Início da carreira
Em 1958, durante seu 10° aniversário, Jarre é levado pela sua mãe à uma das melhores casas de Jazz de Paris, um pequeno clube chamado Le Chat-qui-Peche, de propriedade de uma amiga da Resistência da mãe dele. Lá, o pequeno Jean Michel assiste à apresentação do famoso jazzista estadunidense Chet Baker (1929-1988), rodeado por outros músicos, por toda a noite.
Em 1964, Jarre após assistir a banda “Danny Logan & The Pirates”, montou na escola o seu primeiro grupo, o “Mystères IV”. Em 1967, Jarre, montou uma nova banda, “The Dustbins”, que tocou em vários lugares da França, como na Normandia. Eles também fizeram uma pequena participação no filme “Des Garçons et des Filles” (1968). A banda ganhou o primeiro lugar em um festival musical de Paris, e chegaram a gravar um single.
Em 1968, Jarre terminou sua tese em literatura comparativa intitulada “The Faust Of Literature and Music” com ênfase principal em Goethe e Berlioz. Neste ano, Jarre esteve presente nas passeatas do movimento estudantil, de maio de 1968, que parou a França durante quase um mês. Ele chegou a ser preso pela polícia com um grupo de estudantes e colocados em uma viatura policial. Por sorte, a viatura não estava trancada e todos puderam fugir. Logo depois, à noite, todos assistiram à fuga pela televisão. Após isto, Jarre abandonou o Conservatório de Música de Paris e se encontrou com o homem que iria mudar sua visão para a música e tecnologia: Pierre Schaeffer (1910-1995).
Os primeiros trabalhos
Como aluno de Pierre Schaeffer, “Pai Da Música Concreta” e um dos pioneiros nas técnicas eletroacústicas musicais fundando um grupo intitulado “GRM” (Group de Recherches Musicales – Grupo de Pesquisas Musicais), Jarre se juntou a este grupo em 1968. No GRM, Jarre aprendeu a trabalhar com gravações eletroacústicas, música concreta e técnicas de colagem musical. Foi ainda no GRM que ele gravou a faixa “Happiness is a Sad Song”, para o Maison de Culture (essa gravação só foi lançada publicamente em 2011 na coletânea “Essentials & Rarities”).
No ano seguinte, ainda pelo GRM, Jarre gravou um single (a portas trancadas e não autorizado) com as faixas “La Cage” e “Erosmachine”. O single só seria lançado em 1971, ano em que Jarre abandonaria o GRM, por divergências internas. Segundo as palavras de Jarre, “no GRM, fazia-se música para o cérebro ao invés do coração, então eu deixei o grupo”.
Após a saída de Jarre do GRM, ele passa a trabalhar em vários outros projetos. Cria música eletrônica para o grupo “Triangle” e é também comissionado pela Ópera de Paris para escrever músicas para o balé Aor. Foi um dos primeiros músicos a introduzir música eletrônica naquele recinto e também o mais jovem a tocar na Ópera. Para o Balé Aor (“luz” em hebreu), Jarre compôs um pedaço para cada uma das sete cores do arco-íris. Esta performance foi coreografada por Norman Schmucki.
Em 1972, Jarre passa a trabalhar como free-lancer, produzindo outros artistas, criando jingles comerciais e lançando singles como Pop Corn e Zig Zag Dance. Acaba encontrando Francis Dreyfus (1940-2010) que pede a ele para produzir músicas que serão tocadas em Aeroportos e Bibliotecas de som nos EUA. Jarre que estava começando sua carreira, grava várias faixas musicais para uma companhia de filmes americanos que foram destinadas ao uso em programas de televisão, anúncios e filmes. Essas faixas foram reunidas num álbum que recebeu o nome de “Deserted Palace” e foi lançado na França e nos EUA (talvez o primeiro trabalho para os americanos). Podemos definir este trabalho como algo ainda experimental. No ano seguinte, Jarre foi o responsável pela trilha sonora do filme francês “Les Granges Brûlées” estrelado pelo ator Alain Delon e pela atriz Simmone Signoret (1921-1985), também lançado em LP. O lançamento deste álbum, segundo Jarre, teve pouca repercussão, sendo que as vendas maiores ocorreram na própria rua onde morava, quando os vizinhos compraram o disco para ajudá-lo.
Em 1974, Jarre conhece Michel Geiss, que futuramente fará parte de sua equipe e criará os instrumentos Matri-Sequencer e o Digi Sequencer. Como produtor musical da gravadora de Francis Dreyfus, a Disques Motors (futura Disques Dreyfus), trabalha com Françoise Hardy, Patrick Juvet, Gérard Lenorman e Christophe (1945-2020), produzindo seus álbuns, e em alguns casos trabalhando na composição sonora e também nas letras. Quando estava trabalhando no álbum de Christophe, “Les Mots Bleus”, Jean-Michel, conheceu os músicos Dominique Perrier e Roger Rizzitelli, que mais tarde seriam membros de sua “La Tribu”.
Oxygene, a revolução musical eletrônica
Em 1976, que provou ser o melhor ano da sua carreira até então, Jarre conhece a atriz Charlotte Rampling, sua futura mulher, durante o festival de Cannes. Compõe, grava e lança o álbum “Oxygene”, que teve boa aceitação do público francês e mais tarde do mundial. Francis Dreyfus passou então a controlar a carreira do seu novo pupilo, como produtor. Ainda em 1976, recebe vários prêmios como Grand Prix Du Disques da Charles Cros Academy.
Em 1977, a Polydor licencia Oxygene e todos os futuros discos para serem lançados no mercado internacional. Oxygene atinge o número 1 dos mais vendidos no Reino Unido em 1977. Estima-se que tenha vendido mais de 12 milhões de cópias do álbum pelo mundo. A revista americana “People” coloca Jarre como uma das personalidades do ano.
Nunca vi nada como isto
Em 1978, é a vez do seu segundo trabalho, “Equinoxe”, novamente um sucesso além das fronteiras francesas, conquistando vários prêmios e discos de ouro ao redor do planeta. Uma estimativa de venda de mais de 8 milhões de cópias. Muitos consideram este álbum como o melhor da carreira do artista. Equinoxe e Oxygene são usados para a trilha sonora do filme “A Doença de Hamburgo”.
Em outubro do mesmo ano, Jarre se casa com Charlotte. Em 14 de Julho de 1979, no 190° aniversário da Revolução Francesa, faz seu primeiro grande concerto ao ar livre, tendo o álbum Equinoxe como carro-chefe, na Place de la Concorde, em Paris, batendo recorde de público em um evento ao ar livre. Mick Jagger, maravilhado após o concerto disse espantado: “Eu nunca vi nada como isto em toda minha vida”. Jagger chegou até a convidar Jarre a produzir um disco dos Rolling Stones, mas Jean Michel não aceitou. Aproximadamente um milhão de pessoas assistiram o show ao vivo que foi transmitido para toda a Europa pelo canal Eurovision e também para o Japão e outras partes do mundo. Um vídeo do evento, foi lançado em 1980.
Jarre já se projetava mundialmente. Viaja para o Japão e China em visitas promocionais, procurando locais para novos concertos (o governo japonês chegou a oferecer um milhão de dólares para Jarre repetir o concerto de La Concorde em Tóquio). Oxygene é usado como trilha-sonora para o Ballet da Ópera House de Paris.
Em 1979, Jarre recebe uma Medalha de Ouro do Ministério da França, pela vendagem mundial de seus discos. Oxygene é usado pelo diretor australiano Peter Weir, como trilha sonora no filme “Gallipoli” estrelado por Mel Gibson. Os anos 80 chegam abrindo uma nova era na música com o surgimento de novas tecnologias, como o MIDI, o uso dos computadores nas composições e também da Tecnologia Digital com o aparecimento dos CDs e das fitas digitais DATs. Um prato cheio para a exploração de novas tendências e possibilidades.
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