O brasileiro João Antônio Vargas, de Canoas, RS, realizou um sonho de infância no último dia 6 de outubro. Ele esteve presente ao concerto de Jean Michel Jarre na cidade Brighton, no Reino Unido, jurante a Electronica World Tour. E não foi apenas isto, portador de um ingresso VIP, que deu direito a entre outras coisas (como souvenirs e presentes), um encontro pessoal com o próprio Jean Michel Jarre. E pensou que acabou? Para completar ele ainda usou um moletom homenageando o nosso fã clube !!! Parabéns João !!!
Em vista deste brilhante feito para todos os fãs brasileiros, fizemos algumas perguntas sobre este dia especial para ele, na qual ele responde gentilmente abaixo e ele também cedeu algumas fotografias que estamos publicando com sua devida autorização aqui:
João Antônio Vargas, fale um pouco sobre você e como você teve contato com o Jean Michel Jarre
Bem, eu tenho atualmente 54 anos, nasci e moro até hoje na cidade de Canoas, Rio Grande do Sul, município que faz parte da Grande Porto Alegre (15 km).
Meu contato digamos, oficial, com o nome Jean Michel Jarre, foi no concerto exibido pela Globo no final de dezembro de 1986, como uma das atrações da programação de final de ano. Mas, depois deste concerto, lembrei que alguns meses antes, teve uma reportagem num telejornal diário que ainda passa na hora do almoço, onde o apresentador falava de um novo gênero de música (New Age) que estava tomando conta dos parisienses, e que muitos deles estavam escutando essas músicas para não se estressarem no trânsito. E as tais músicas eram do álbum Rendez-Vous, de Jean Michel Jarre.
Mas foi desde este concerto na TV que fiquei maravilhado, pasmo, e enlouquecido por Jean Michel Jarre e, obviamente para comprar os seus discos.
Ouvindo Rendez-Vous várias vezes por dia, comecei a procurar outros LPs de Jarre. Foi então que “descobri” através dos álbuns anteriores, que na verdade eu já conhecia algumas músicas, pois vários trechos eram comumente usados como trilhas sonoras de propagandas na TV.
Ao longo de todos esses anos, você sempre procurou acompanhar o artista via mídia em geral?
São 30 anos de acompanhamento, mas lembro que logo após o concerto do Milênio, (em que eu fiquei numa tristeza por ele, pois aquela neblina atrapalhou visivelmente as projeções), e que eu lia sobre as excursões de Réveillon para o Egito, incluindo o show, etc., (eu sonhava com isso, pois eu havia estado lá três anos antes e imagina ter o Jarre num Réveillon!), não escutei mais noticias sobre concertos. Antes, em 1999, comprei meu primeiro computador, e não havia praticamente nada sobre Jarre em termos de notícias recentes ou concertos futuros. Então, de vez em quando, ia nas lojas de discos (já iniciando o comércio de CDs) para ver se tinha alguma coisa nova. E assim, ia tentando-me manter atualizado. Lembro também com certo orgulho, que na minha formatura (em jan/1993), escolhi entrar ao som de CHRONOLOGIE Part. 4, pois para mim a música soa como um astral pra cima, que te eleva, de vitória. Como sou muito emotivo, entrei em lágrimas né!!!
Conseguiu comprar seus álbuns e CDs ou teve dificuldade em encontrar
Eu tinha parado no Oxygene 7-13. Depois, nem eu sei porque, parei um tempo de procurar. Então ganhei de presente o AERO, de que gostei muito, e o Téo & Téa. Confesso que não gostei desse último trabalho. Dai, fiquei sem esperança de procurar mais CDs e encontrar algo parecido com o Téo & Téa. Tentei comprar aqui os outros, depois, baseado na discografia, mas não encontrei. Até no exterior não estou achando fácil de encontrar (em lojas físicas). Neste ano foi que comprei o Electronica 1 e o Heart of Noise , que comprei na lojinha de venda no dia e local do show que assisti, em Brighton.
Qual é seu álbum e concerto preferido?
Eu gosto demais de Magnetic Fields, Oxygene, Rendez-Vous e Chronologie. Mas eu sinto algo por Equinoxe, que não tem explicação. O nome do álbum, a capa, as músicas, tudo mexe comigo. Aliás, isso foi uma das coisas que eu disse no encontro com o Jarre sobre sua música. E concerto, os que mais gosto são os de Houston e de Paris, no La Defénse
Como você chegou a conclusão que deveria ver o Jarre ao vivo?
Bom, a idade vai chegando né! Hehehe! Embora o sonho maior seria assistir aos shows abertos, ao ar livre e, infelizmente acho do jeito que o mundo está, isso não será mais possível tão cedo, decidi que era hora de conhecer o artista o qual passei 30 anos curtindo suas músicas e shows espetaculares.
Por que você escolheu Brighton para ver o show?
Eu queria ver o show em Londres. Tenho uma prima que mora lá. Já estava vendo preços e as modalidades de ingressos, etc. Mas a dúvida em investir num ingresso desse tipo e depois não dar certo (até hoje ainda acho que vai ter algum problema, seja recebimento de ingresso, código de barras que não lê, etc. !!!). Quando resolvi comprar, não havia mais disponível o ZERO GRAVITY VIP PACKAGE. Dai, optei por outra cidade que ainda tivesse à venda este pacote. Optei por Brighton pois era uma cidade litorânea e, conforme pesquisa, é um dos maiores points dos ingleses para passar férias de verão, ou mesmo fins de semana. E eu não conhecia. Então, fui pra Brighton, UK.
Quais foram os preparativos para a sua viagem?
A maior preocupação era fazer o moletom, pois trabalho o dia todo e não tinha muito tempo para montar um esboço e ver orçamentos. Acabei comprando o moletom e mandando fazer a impressão um dia antes de eu embarcar! E também, pensar no que dizer para o Jarre. E ainda em inglês. Eu me viro no inglês, mas não de forma tão fluente. Dai, resolvi que, se tivesse tempo, ia falar sobre vir ao Brasil e sobre o que a música dele representa para mim. Só isto já estaria ótimo!
Valeu a pena ter pago o VIP? Quais presentes você recebeu além do encontro com o Jarre?
Para mim, só valeu! Hoje eu penso que às vezes, temos que investir na gente mesmo, principalmente nos prazeres que a vida pode nos dar. E esse encontro foi um dos grandes sonhos que pude realizar. Mesmo que não tenha mais oportunidade de ver shows do Jarre, esse show, o encontro, etc, vou levar comigo pro resto da vida.
Os presentes incluíam uma sacola personalizada, uma foto autografada, um crachá de acesso, um pôster e um AeroSkull Nano Bluetooth Speaker. Fora isso comprei a revista do show, um chaveiro e uma camiseta.
Como foi o seu encontro com o artista?
JAV: Muito melhor do que eu esperava, superando minhas expectativas. Eu já achava sem um tempo de dizer alguma coisa, nós teríamos, ou seja, tudo aquilo que eu pensava em dizer, talvez nem acontecesse. Estávamos em cerca de 38 pessoas que compraram o ZERO GRAVITY VIP PACKAGE . Após a recepção para entrega dos brindes, abertura da lojinha, e mais uma taça de champanhe no bar ouvindo a passagem de som com Oxygene 8, (já numa adrenalina) fomos encaminhados para uma sala com umas mesas e várias cadeiras postadas ao longo das paredes. No meio, mais perto da porta uma cortina meio beje/cinza, onde Jarre ficaria, voltado para a porta, ou seja, quem estava aguardando para o encontro, não via o artista com o seu fã. E assim foi. Demorou uns 20 min, até ele parar a passagem de som e finalmente chegar à sala.
Chegou com sua assistente e o cara da produção que iria tirar as fotos. Nada de celular.
Abanou, deu um ”Hello” geral, sorrindo e já se posicionou nessa cortina onde ninguém o via. Então começou a chamada, um por um dos fãs. Alguns levaram LPs Oxygene, eu com a minha capa de CD do Oxygene, pois tinha mais espaço visual para autografar. Ele não autografou nenhuma peça. Eu enxugava as mãos toda a hora na calça, pois estavam suadas de tanto nervosismo. Mais pela preocupação de como seria recebido, se conseguiria-me expressar, etc.
Finalmente me chamaram. Respirei fundo e então pensei em segundos: é o meu momento, calma e vai em frente. Alisei o moletom e apareci bem devagar propositalmente para ele ver beeeeeeemmmm o moletom. De cara, ele olhou, sorriu e disse: “Oh! You came from Brazil to see my show?” – Isso, e outra frase no final, não saem da minha cabeça. Já comecei a sorrir (aliás estou sempre sorrindo!), nos cumprimentamos e tal e comecei-me desculpando pelo meu “inglês”, e ele prontamente dizendo “No problem!”
Disse que eu tinha 2 coisas pra dizer pra ele. A primeira era da possibilidade de levar este tour à América do Sul, ao Brasil e que ele não tinha noção da energia, vibração e resposta de público que existe quando se gosta de um artista no nosso país. Ele me respondeu que sempre quis vir ao Brasil e Argentina, que tinha ouvido falar sobre o que lhe esperava através de outros artistas que se apresentaram aqui e que voltaram surpresos e satisfeitos. Que houve muitas dificuldades (?) em tentar ir para a América do Sul tempos atrás, mas que agora, com shows indoors a possibilidade é grande e a vontade dele também. E a segunda coisa que eu falei pra ele (que eu achei que ele ia dizer: ok, tá bom assim, vamos tirar a foto), mas, pelo contrário ficou bem atento olhando pra mim, foi o meu agradecimento a ele pela música que ele cria. Bom gente, daí, o que vou descrever agora, é uma coisa bem pessoal, né! Agradeci a ele pela sua música, pois através desses 30 anos que sou fã (ainda brinquei com ele que eu tinha cabelo na época!), ele consegue criar sons, algumas melodias que realmente mexem comigo, com meus sentimentos, me fazem viajar além, às vezes me remete a lembrar de coisas, de momentos, às vezes tristes, às vezes alegres… e que essa capacidade que ele tem com a sua música de produzir e despertar estas sensações e sentimentos numa pessoa (no caso, eu!), é que eu admirava demais nele e estava muito honrado e conhecê-lo, e muito agradecido pelo seu trabalho. Não vou mentir: ele apertou a minha mão com as duas mãos dele, me agradeceu muito, sorriu, tiramos a foto e, quando sai, disse em alto e bom tom para todo mundo ouviu: – “See you in Brazil!”
O que vou pensar? O óbvio! Que ele estava sendo sincero. Se vem ao Brasil, ou não, não posso dar certeza. Mas a impressão que isto está muito mais perto do que antes, ah.. está!
Bom, essa foi a minha impressão, pois ele não desviou o olhar até eu terminar de falar tudo isso.
E como disse no início, sou bem emotivo, depois voltei para o meu lugar, sentei e não consegui segurar o choro!
Como foi o show e o que você vai guardar na memória?
JAV: O som estava perfeito, alto, sem distorção, efeitos de luz muito bons, e na hora de usar a Laser Harp, ele veio à frente do palco e disse que às vezes aquela “coisa” não funcionava em alguns shows! Dai eu pensei: “Bah, eu vim aqui só pra ver esse show e com a Laser Harp incluída! Se não funcionar, tu vai dar um jeito de arrumar isso e funcionar! (kkkk)”. Graças à Deus e aos técnicos, funcionou! Hehehe!
Nos intervalos das músicas vinha à frente do palco e explicava sobre a música, conversava com o público, quando tocava olhava para a plateia, vibrava com alguns que levantavam um braço, pedia palmas (que duravam uns segundos, pra minha surpresa com a falta de empolgação que a gente está acostumado). Eu só pensava: ahhhh, tu no Brasil ! Não viu nada ainda!
Foram 2 horas maravilhosas. O que guardo na memória será o show propriamente dito, e a atenção que ele teve para comigo enquanto eu falava. Por mais que seja um artista, a gente cria uma certa expectativa de acordo com imagens comerciais, etc. Ele podia ser bem mais formal, seco, cumprindo formalidades, etc. mas não. Notei que todos saíam felizes detrás daquela cortina. E comigo não foi diferente. Foi surpreendente. É isso amigos! Obrigado mais uma vez ao Ricardo Melo e ao JARREFAN BRAZIL.
O nosso fã clube JARREFAN-BRAZIL, gostaria de agradecer ao fã João Antônio Vargas pela entrevista e que ficamos totalmente lisonjeados com a homenagem do moletom.
Valeu João !!!
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