Antes que ele se exiba no Sónar, aprenda como este pioneiro eletrônico revolucionou a música-marketing.
Por Chris Parkin em 15 de Junho de 2016
Quando os artistas têm álbuns que venderam muito, como Oxygène de Jean-Michel Jarre, seus criadores frequentemente ficam tão associados com eles que param no tempo. Mas com os atuais álbuns de Jarre, Electronica – a parte dois acaba de ser lançada – ele colaborou com Fuck Buttons, Little Boots, Julia Holter, 3D do Massive Attack e Boys Noize, assim como Tangerine Dream, Gary Numan e Laurie Anderson.
Jarre, obcecado por ficção científica, estudou sob a orientação dos pioneiros da música eletrônica Pierre Schaeffer e Karlheinz Stockhausen e não é alguém que se prenda ao que já fez antes. Afinal de contas, este álbum revolucionário foi inicialmente recusado por todas as grandes gravadoras. Mas Jarre perseverou, conseguiu lança-lo e já vendeu mais de 12 milhões de cópias em todo o mundo.
Antes de sua apresentação no Sónar (16 a 18 de Junho), onde se juntará a atrações como New Order e Anohni, além do palco anual SonarDôme da Red Bull Music Academy , vamos ver algumas das maneiras em que Jarre mudou a música.
Ele levou seus shows ao vivo para lugares espetaculares e intocados pelo pop
Quando se apresentou em Pequim e Xangai, em 1981, ele foi o primeiro artista ocidental a se apresentar na China Comunista desde a Revolução Cultural. Desde então, ele tocou nos históricos estaleiros de Gdansk na Polônia, para um recorde de 3,5 milhões de pessoas em Moscou em 1997, e até mesmo aos pés das pirâmides egípcias, onde ele teve que remover a palavra “Revolutions” [revolução] de ‘Revolution, Revolutions’ porque a palavra era proibida [no Egito].
Ele até tentou tocar a partir do espaço – ou algo assim
Em 1986, Jarre fez um show chamado Rendez-Vous Houston na capital do estado do Texas, onde disparou milhares de fogos de artifício e projetou enormes imagens em arranha-céus ao redor do palco. Mas o show é mais conhecido por algo que não chegou a acontecer. Estava programado que Jarre faria um dueto, via satélite, com o astronauta e saxofonista Ron McNair, mas o ônibus espacial Challenger, onde McNair estava, explodiu na decolagem. O concerto de Jarre foi adiante, alguns meses depois, em tributo.
Ele transformou a música gravada em um projeto artístico
Muito antes de Bill Drummond e Jimmy Cauty da KLF excluir seu catálogo antigo em 1992, Jarre fez uma cópia de seu álbum de 1983, “Music For Supermarkets” e destruiu em seguida o disco matriz (master). Foi aparentemente um protesto contra a cultura que logo floresceria, da cultura do CD e músicas sendo “vendidas como pasta de dentes”. A única cópia prensada do álbum foi executada uma vez no rádio, e só. Felizmente para nós, mas não para as intenções de Jarre, o álbum já está no YouTube. E nem poderia ser diferente. [N.T.: O autor da reportagem desconhece a declaração dada quando da execução de que Jarre não era contra a “pirataria” da obra]
Ele sempre esteve na vanguarda do som
De seus monumentais shows ao vivo aos trabalhos em estúdio, Jarre sempre foi fascinado pela ideia de entregar o som mais envolvente possível. Suas próprias ideias e composições têm estado provavelmente muito à frente da curva, mas seu álbum AERO (2004) foi uma coleção de faixas regravadas em som surround 5.1 e ainda é usado por cinemas nos EUA para testar o sistema de som. Agora Jarre está se concentrando em um verdadeiro som 3D com surround. “Eu trabalhei com algumas pessoas em um algoritmo complexo para criar a próxima fase depois de mono e estéreo”, disse ele recentemente. “Audio 3D será o próximo passo.”
Ele está melhorando as coisas para os outros artistas
Jarre é o presidente da Confédération Internationale des Sociétés d’Auteurs et Compositeurs (CISAC) [Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores], uma organização international que promove os direitos de propriedade intelectual para músicos, escritores, fotógrafos e outros artistas. Nas palavras do próprio Jarre: “É uma espécie de mini-Organização das Nações Unidas para os criativos… É como a ecologia há 30 anos. A propriedade intelectual não é apenas seu ou meu problema, é um problema das gerações futuras.” Na mosca.
Artigo original do Red Bull Academy (todos direitos reservados):
Agradecimentos e tradução: Raphael Romero Barbosa
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