O músico e cantor francês Christophe, acaba de lançar um álbum novo após mais de 8 anos. “Les Vestiges du Chaos”, está sendo lançado oficialmente agora em abril de 2016, pela major UNIVERSAL na França. Christophe (nome artístico de Daniel Bevilacqua), completou 70 anos no ano passado, foi um expoente da música romântica nos anos 60, quando o sucesso “Aline”, atravessou as fronteiras da França e rodou o mundo (inclusive no Brasil). Nos anos 70 após um longo período afastado dos holofotes, o então produtor Francis Dreyfus, resolveu apostar no artista e convidou o jovem compositor francês Jean Michel Jarre(na época um ajudante de estúdio) a ajudar Christophe em seu retorno fonográfico. Jarre escreveu, arranjou e produziu várias músicas do artista que voltou novamente ao topo das paradas, pelo menos na França. A colaboração dos artistas levou a produção dos álbuns ” Les Paradis Perdus” (1973) e “Les Mots Bleus” (1975), que gerou ainda um outro álbum ao vivo, “Olympia” (1976), que também teve colaboração de Jarre na parte técnica dos shows. Em 1977, Jarre ainda colaborou uma última vez em algumas músicas para o álbum “La Dolce Vita”. Após isto, cada artista seguiu seu caminho. Para Jarre, a estrada foi trilhada foi dourada, já Christophe, amargou o ostracismo o que levou muitas vezes ao alcoolismo e a decadência artística. Nunca mais atingiu as paradas, o que fez abandonar quase por completo a música, voltando em raras apresentações.
Após anos de altos e baixo, o músico retorna novamente a velha parceria com o amigo Jarre e o resultado disto é a faixa homônima do álbum, “Les Vestiges du Chaos”, lembrando também que Christophe é um dos colaboradores do álbum “Electronica 2 – The Heart of Noise”, na faixa “Walking the Mile” (cantada em inglês).
Le Parisien, dá nota 5 estrelas para o álbum, chamando de…”um dos melhores álbuns do ano!“
A Volta triunfal de Christophe, no mesmo nível de “Aline” e “Les Mots Bleus”.
O jornal Le Parisien publicou uma entrevista no dia 08/04 com os dois artistas:
Como vocês se conheceram?
Jean Michel Jarre: Com Francis Dreyfus. Nós dois estávamos na mesma produtora de discos. Nós compartilhamos uma paixão por álbuns conceituais e magicos. Nós trabalhamos juntos para um show do mágico Dominique Webb, com seu piano voador. A partir da primeira música, foi dito tudo ” «les Paradis perdus “. Desapontou algumas pessoas, eu acho que ainda é o mesmo álbum. Basta nós olharmos para o disco ou a peça final.
CHRISTOPHE: Somos complementares. Eu tenho um lado nervoso, minha cultura vai acontecendo, ela não está lá ainda. Jean-Michel tem um lado cerebral. Ele escreveu ” Les Mots Bleus “; e eu, “Les Marionnettes”. Você vê a diferença?
Vocês são como irmãos?
J.M.J: Totalmente. Nós gostamos dos mesmos instrumentos. A diferença é que quando começamos, tivemos de dois a três instrumentos. Hoje, a tecnologia poderia nos fazer acreditar que não há limites, é para nós colocarmos nossas próprias limitações.
C: Os instrumentos são como brinquedos. Cada um deles nos dá novas ideias, uma canção. Eu sou um boêmio… na música. Na vida, não… Pode vir. Somos pintores, escultores.
Isso explica, Christophe, os oito anos que se passaram desde o seu último álbum romântico?
C: Nós não somos clientes, é difícil. Eu percebo por entrevistas que meu novo álbum já está atrás de mim. Um álbum nunca está acabado, porque sempre reflete o próximo.
J.M.J: Em quarenta anos, a estrutura da indústria fonográfica mudou dramaticamente. Nós, não mudamos. Nós somos capazes de passar quatro ou cinco anos em um álbum, a noite toda. Enquanto isso, as pessoas mudaram três vezes de majores. Com o que nós fazemos, mais um álbum foi lançado para lançar um álbum. Temos que acreditar.
Como foi o reencontro?
J.M.J: Eu amo essa palavra, ele também está em ” Les Mots Bleus”. Christophe é como uma família, não necessariamente nos vemos, mas nós nunca realmente perdemos contato. Mas existe lá os biorritmos e os momentos para se recuperar. Christophe me fez ouvir os modelos de seu disco. Eu tive um flash: “Eu tenho o título e nós faremos o álbum inteiro juntos”. Foi muito pretensioso da minha parte porque eu estava no meu próprio álbum …
C: Eu liguei para ele um dia: “Então, você vem ou não? Vou parecer um idiota cara-a-cara com a minha gravadora. “(Risos).
J.M.J: É verdade. Então nós fazemos como sempre fizemos. Ele me mandou a música e a melodia vocal no Yop (nota: no iogurte) e eu escrevi o texto em uma noite.
C: Eu mantive sua idéia de título para o álbum, porque ele diz tudo (nota: traduzindo seria “O Vestígio do Caos”). Eu ainda não tinha dito a ele, mas eu quase desisti deste álbum. Eu babava.
LP: E, pela primeira vez, Christophe canta para Jarre (no álbum Electronica 2) …
J.M.J: Christophe me inspira, sua voz é um instrumento musical. Eu gosto de seu lado esquizofrênico entre Fellini e “Blade Runner”, o personagem de ficção, os restos de caos … (Ele mostra o apartamento e ri). Desta vez, eu queria que ele tocasse gaita e cantasse em Inglês, para surpreender o Inglês. Como foi em “Les Paradis Perdus”.
C: Eu fiz esforços, me adaptei. Nós gravamos em casa, durante à noite. A noite do Bataclan. (Silêncio) – (Nota – ataque terrorista de Paris em 13 de novembro de 2015).
LP: O que vocês acharam da versão de “Paradis Perdus” cantada por “Christine and the Queens” ?
C: Isto foi inspirado. Eu gostei da mistura, transformação…
JMJ: Ela deu uma rebocada no que fizemos e deu-lhe nova vida. Isso é bom.
Fonte:
Views: 23