A rádio britânica, BBC, entrevistou o músico francês Jean Michel Jarre e outras personalidades que são Embaixadores da Boa Vontade pela UNESCO, organização que reúne pessoas públicas de diversos países e diferentes ramos de atividades para divulgar suas causas humanitárias. Em razão disso, Jarre não faz menção a seus futuros projetos, mantendo-se dentro das peculiaridades do assunto abordado.
Além de Jarre, o grupo de embaixadores entrevistados (estavam em Paris, sede da UNESCO) conta também com um cientista espacial de Mali (Cheick Modibo Diarra, que já trabalhou na Nasa e Microsoft), a ex-presidenta da Islândia, Vigdís Finnbogadóttir (primeira mulher do mundo eleita para tal cargo), e uma pacifista vietnamita, Kim Phuc (a criança que corre queimada por NAPALM na famosa foto da guerra que desolou seu país).
Durante as apresentações, o entrevistador refere a Jarre como “um pioneiro da música eletrônica”. Jarre dá uma risada e retruca um “acho que sou, se você está dizendo”, sendo que o apresentador arremata com um “eu digo!”. E continua:
BBC: Você atrai milhares, milhões de pessoas para seus concertos.
JMJ: Sim, e esta é uma das razões de a Unesco, há quinze anos, haver me convidado para juntar-me à organização (…) Numa espécie, como gostamos de chamar, de “guerrilha ética”, para tentar promover valores que são muito difíceis de serem promovidos nos dias de hoje.
BBC: Você é um miliciante da ética.
JMJ: É isso aí.
BBC: E o que faz um grupo tão incomum estar reunido em torno de uma causa? O que vocês fazem juntos?
JMJ: Isso é um pouco complicado. (…) Uma das possíveis razões é porque, atualmente, o que faz dinheiro, o que é fácil de promover não são os tipos de valores promovidos pela Unesco. (Com tanta) Violência, crime e todos os lados negros da alma humana, é muito difícil promover idéias como sustentabilidade, desenvolvimento ou paz. Como tornar esses temas atrativos é um dos desafios dos embaixadores: Sermos divulgadores, tão articulados quanto possível, promovendo os valores da Unesco em educação, ciência e cultura.
BBC: E qual seria a lembrança mais marcante que você recorda, neste trabalho?
JMJ: Eu lembrarei pelo resto de minha vida um exemplo perfeito de porquê não devemos desistir. Havia esta criança, no (rio) Ganji, na Índia. Estava amanhecendo e esse menino de oito, nove anos estava absolutamente nu, sem nada, ele não tinha família, ele não tinha roupas… absolutamente nada. Ele estava flutuando de frente para o sol. Fui até ele e perguntei porque ele estava fazendo aquilo, e ele disse que estava feliz. “E por que você está feliz?”, perguntei, e ele disse “porque o sol está nascendo!”. Essa é uma das melhores coisas de meu comprometimento com a Unesco, ser capaz de presenciar esse tipo de atitude.
“Quando era jovem, achava que dinheiro era tudo. Hoje, tenho certeza”.
Agradecimentos ao jarrefan Bareta pela tradução.
Fonte: BBC
Views: 7