Os fãs brasileiros que ficaram anos esperando a vinda do mago dos teclados, Jean Michel Jarre, já devem estar sem paciência de tantos anúncios de shows no Brasil nos últimos 30 anos. A partir deste artigo divido em várias partes, o Jarrefan Brazil irá mostrar fatos, boatos e suposições destas promessas de shows, que fazem o artista ser apelidado no nosso país de “Sinatra da música eletrônica”, pelo fato de, assim como Frank Sinatra, ter prometido por quase toda a sua carreira musical, vir ao Brasil. Sinatra veio após longos anos de negociações, shows cancelados e principalmente muita grana envolvida. Já Jean Michel, ainda não conseguiu se apresentar em nosso país. Na medida do possível, iremos colocar nas noticias, ilustrações e fotocópias das reportagens das épocas específicas para ilustrar e dar veracidade das informações aos leitores (clique em cima das imagens para ampliar).
INÍCIO – A MÚSICA DE JEAN MICHEL JARRE NO BRASIL
O primeiro álbum comercial do artista, Oxygène (1976), foi lançado no Brasil em 1977, praticamente junto com o lançamento mundial coordenado pela Polygram (um braço da multinacional holandesa Polydor, na qual Jarre tinha contrato de distribuição). Seus álbuns seguintes, também foram lançados no país, seguindo os lançamentos mundiais. Nesta época, ainda não havia um envolvimento direto com o público brasileiro e a música ficou restrita praticamente aos amantes da boa música eletrônica e progressiva, junto com artistas como Mike Oldfield, Kraftwerk e Vangelis. Também não havia um rótulo comercial para a música. Alguns rotularam de “rock espacial” ou “space music”. No final dos anos 70 e início dos anos 80, as músicas destes artistas foram usadas em campanhas publicitárias, propagandas e aberturas de programas de TV, vinhetas em emissoras de rádios, entre outros. Vangelis foi o primeiro a ter uma aceitação mais popular, pois compunha diretamente para trilhas sonoras de filmes, como “Carruagens de fogo” (cujo clip oficial foi divulgado no Fantástico em 1981, além de ter ganhado o Oscar de melhor trilha sonora e se tornado febre mundial), “Blade Runner” e do programa de TV “Cosmos” de Carl Sagan. Era comum escutar Oxygene 4, Equinoxe 5 e Magnetic Fields 2 em comerciais de TV e rádio neste mesmo período.
Uma grande surpresa aconteceu em 1984, quando a música “Souvenir of China” (originalmente do LP The Concerts in China), foi escolhida para fazer parte da trilha sonora da novela “Transas e Caretas” (vide anexo acima) da TV Globo. A faixa saiu no LP da trilha sonora internacional da novela e passou a ser executada nas rádios brasileiras. No final deste mesmo ano, foi escolhida pelos ouvintes como “a música mais bonita do ano”. E antes do estourou definitivo de Jarre no país, o jornalista Luiz Antônio Melo, coordenador da rádio Fluminense do Rio de Janeiro, chegou a sugerir em uma reportagem (vide anexo) a inclusão do artista para um possível Rock in Rio /1986, imaginando uma noite progressiva com outros artistas como King Crimson e Aztec Camera. Infelizmente, após o primeiro Rock in Rio de 1985, a Cidade do Rock, que serviu de palco para o evento original, foi desmontada a pedido do Governado do Rio Leonel Brizola, que prometeu que o Rio de Janeiro nunca mais iria sediar um evento promíscuo daquela natureza.
Ainda em 1984, Jarre lançou Zoolook. O álbum recebeu várias críticas positivas pelo mundo, incluindo o Brasil, onde pela primeira vez, Jarre ganhou um review na Revista VEJA (o único até hoje). Apesar de tudo, o disco não teve o mesmo sucesso de vendas dos seus álbuns anteriores e Jarre partiu para um projeto mais comercial…Rendez-Vous.
Em 1986 veio à consagração definitiva. A Polygram do Brasil, aproveitando o sucesso nos Estados Unidos do disco “Rendez-Vous”, começou uma grande campanha de marketing coordenada nas rádios e em emissoras de TV, para lançar definitivamente a Jarremania no nosso país. A música de trabalho, “Fourth Rendez-Vous”, teve singles promocionais distribuídos nas rádios brasileiras e pela primeira vez, o artista foi finalmente apresentado ao país em horário nobre, no programa dominical da Rede Globo “Fantástico”, onde o clip foi exibido. Na apresentação, foi informado que o artista francês tentou gravar um música no espaço, mas o Ônibus Espacial Challenger havia explodido após o lançamento, matando todos os sete tripulantes e que a música era uma homenagem aos astronautas. Mas não foi apenas isso. No final de 1986, a Rede Globo adquiriu e exibiu o show Rendez-Vous Houston, também em um domingo, logo após o “Fantástico”. Com todas essas divulgações em emissoras de rádio e TV no país, não foi difícil imaginar que os fãs aumentariam consideravelmente, a ponto do artista finalmente ter ganhado “Disco de Ouro” pela vendagem de Rendez-Vous. A Rede Globo não perdeu tempo e comprou também os direitos de exibição do show Rendez-Vous Lyon, para mais um especial de fim de ano da emissora. O número de fãs brasileiros só aumentava.
O crescimento do interesse do público de Jean-Michel Jarre no país, levou a outras emissoras a correrem atrás deste novo fenômeno da música mundial. A Rede Manchete conseguiu quebrar a hegemonia da Rede Globo ao comprar os direitos de exibição do especial The China Concerts, de 1982 e montar um especial só de videoclipes com todo o patrocínio da gravadora Polygram.
…A SEGUIR: JARRE MOSTRA INTERESSE NO BRASIL !!! – Segunda Parte
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